Numa série de artigos publicada aqui no
RD News, intitulada “Vazio na política cuiabana” busquei analisar as razões
econômicas para a atual situação da capital de Mato Grosso. Ao observar o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e alguns de seus
principais municípios, pude identificar que Cuiabá está evoluindo num ritmo
muito inferior à média.
Após um período em que o PIB municipal
cresceu acima do estadual, nas décadas de 1970 e 1980, Cuiabá desacelerou e
reduziu sua participação em Mato Grosso de 35,79% em 1996 para 17% em 2008.
O crescimento aconteceu num momento em
que havia projeto estratégico para o município, elaborado e implantado pelo
regime militar. Sem problematizar aqui o conteúdo de tal projeto, vale dizer
que ele reservava para Cuiabá a função de grande centro logístico, comercial,
financeiro e de serviços não apenas de Mato Grosso, mas de toda a Amazônia
Ocidental. Além disto, havia também a produção fabril a ser concentrada no
maior distrito industrial do Estado.
Este projeto, entretanto, está esgotado.
Para acompanhar o crescimento do Estado, é preciso que Cuiabá defina um novo rumo
estratégico, centrado nas mesmas funções de outrora, só que num patamar tecnológico
e de qualidade bem mais elevado.
Vale lembrar que Mato Grosso apresenta altos
índices de produtividade na pecuária e em várias culturas agrícolas, como
algodão e soja. Isto acontece porque as unidades de produção adotam tecnologia
de vanguarda em nível global, gerando vantagens competitivas que compensam os
custos com a logística e crédito, por exemplo.
Uma hipótese é que, com a globalização
cada vez mais acentuada, os consumidores de MT estejam comprando bens e
serviços em outras regiões do país ou mesmo importando do exterior.
De outro lado, o interior continua
enviando usuários de serviços públicos para a capital, sem a devida engenharia
financeira e de políticas públicas que possa absorvê-los com a eficácia
esperada. Esta inequação, cujo resultado é negativo, está na raiz de boa parte
dos problemas atuais enfrentados por Cuiabá.
Houve algumas tentativas recentes de
formulação de planos estratégicos para a capital, como o “Pró-Cuiabá 300 anos”.
Entretanto, eles não tiveram a devida repercussão e influência na orientação
das políticas públicas dos três níveis da federação no município.
Uma referência nesta matéria é o recém
lançado Plano Estratégico da Prefeitura do Rio de Janeiro, intitulado “Pós
2016: Rio mais integrado e competitivo”, disponível no site http://www0.rio.rj.gov.br/planoestrategico.
Cuiabá e Rio de Janeiro têm muitas
semelhanças e vínculos históricos, pela condição de capitais, forte presença da
igreja, exército e o envio de estudantes universitários. Num período mais próximo,
ambas sediarão megaeventos, como a Copa 2014 e as Olimpíadas de 2016.
O referido documento traz oito objetivos
centrais do Governo, detalhados em 10 áreas de resultado e 37 iniciativas
estratégicas. O que me chamou a atenção foi o destaque dado na área de emprego
e renda para iniciativas como ambiente de negócios, indústria criativa, moda e
design, audiovisual e turismo. Há também iniciativas na área de ordem pública,
esporte, lazer, cultura, gestão e finanças públicas.
São caminhos que Cuiabá deve buscar para
harmonizar suas relações e retomar o desenvolvimento apresentado outrora. É
preciso um novo pacote de investimentos para que ela torne-se referência nas
áreas que já lhe são reservadas, como saúde, educação, administração pública, bancos,
indústria de alimentos, comércio e serviços de forma geral.
Estes são apenas alguns dos desafios que
Cuiabá terá que enfrentar em breve, caso queira manter seu papel de destaque no
cenário regional.
Vinicius de
Carvalho Araújo é gestor governamental do Estado, mestre em História Política,
professor universitário escreve neste blog toda segunda-feira -
vcaraujo@terra.com.br www.professorviniciusaraujo.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário