quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Caminhos para Cuiabá II


Caminhos para Cuiabá II



No artigo da semana passada citei o plano estratégico “Rio Pós-2016: O Rio mais integrado e competitivo” como uma referência para Cuiabá. Uma das áreas mais trabalhadas no plano, em função do perfil do município do Rio de Janeiro, é a chamada “indústria criativa” ou “economia da cultura”.

Este setor vem ganhando destaque no mundo inteiro, em conjunto com as áreas de lazer e turismo. Elas compõem o que alguns autores denominam de Sociedade da Informação, em substituição à sociedade industrial.

A sociedade da informação foi gerada pelas mudanças tecnológicas implantadas a partir da década de 1970, centrada na automação acelerada, robotização e informatização. Os trabalhadores migraram então para o setor de serviços ou “indústrias limpas”, como aquelas mencionadas aqui.

De acordo com a Unesco, neste setor estão incluídas as áreas mais tradicionais como espetáculos, artes visuais, artesanato, patrimônio natural, livros e periódicos. Mas há também atividades correlatas, como turismo, esporte e lazer e o chamado patrimônio imaterial.

Dada a crescente importância do segmento e suas implicações, o próprio Ministério da Cultura (Minc) constituiu uma Secretaria de Economia Criativa, com o respectivo plano para o período 2011-2014. 

No diagnóstico de tal plano, o setor movimentou R$ 104,37 bilhões em 2010, equivalendo a 2,84% do PIB brasileiro. O seu crescimento médio nos últimos 5 anos foi 6,13%, superior ao conjunto da economia. Os trabalhadores com carteira assinada no setor ampliado representaram 8,54% do total, sendo 1,96% para as atividades tradicionais. Quer dizer, para cada emprego gerado neste setor são criados mais 3 nos outros.  A renda média dos empregados do setor é de R$ 2.293,64, 44% superior ao mercado de trabalho.

Outras fontes trabalham com o conceito mais amplo de “Indústria Criativa”, que inclui o chamado núcleo criativo e também atividades relacionadas e atividades de apoio. Conforme relatório produzido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a “Indústria Criativa” colaborou com 16,35% para a formação do PIB brasileiro em 2006, sendo 2,59% para o núcleo criativo, 5,37% para atividades relacionadas e 8,39% para apoio. A distribuição do emprego seguiu este padrão, com 18,42% do total em 2006, sendo 1,82% para o núcleo criativo, 8,3% para atividades relacionadas e 11,6% para apoio.

O plano da Secretaria de Economia Criativa do Minc traz como um dos vetores de sua atuação a institucionalização de “territórios criativos”, que são bairros, polos, cidades e bacias criativas. Neles são desenvolvidas, de forma coordenada, várias políticas públicas setoriais, como esportes, indústria, comércio exterior, ciência e tecnologia, turismo, desenvolvimento urbano, comunicações e outras.

Os atributos de uma “cidade criativa” seriam a forte incidência de inovações tecnológicas, sociais e culturais; as conexões entre as diversas áreas (público e privado, entre regiões da cidade, local e global); e a contribuição da cultura para os chamados setores não-culturais. 

Cuiabá, assim como o Rio de Janeiro, tem forte potencial para desenvolvimento da “indústria criativa” e criação de territórios criativos.  Algumas regiões da cidade, como o centro mais antigo da cidade, avenidas com vida noturna mais intensa (Praça Popular, Getúlio Vargas, Rubens de Mendonça), Porto, São Gonçalo e mesmo Bonsucesso em Várzea Grande são candidatas a receberem projetos desta natureza.

Para tanto, serão necessários investimentos em capacitação, projetos, tecnologia, fomento a atividades empresariais e outras.

Desta forma será possível dinamizar a economia cuiabana e da região, além de gerar mais e melhores empregos para a sua população, superando o quadro atual.



Vinicius de Carvalho Araújo é gestor governamental do Estado, mestre em História Política, professor universitário escreve neste blog toda segunda-feira - vcaraujo@terra.com.br www.professorviniciusaraujo.blogspot.com


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