Caminhos para Cuiabá II
No
artigo da semana passada citei o plano estratégico “Rio Pós-2016: O Rio mais
integrado e competitivo” como uma referência para Cuiabá. Uma das áreas mais
trabalhadas no plano, em função do perfil do município do Rio de Janeiro, é a
chamada “indústria criativa” ou “economia da cultura”.
Este
setor vem ganhando destaque no mundo inteiro, em conjunto com as áreas de lazer
e turismo. Elas compõem o que alguns autores denominam de Sociedade da
Informação, em substituição à sociedade industrial.
A
sociedade da informação foi gerada pelas mudanças tecnológicas implantadas a
partir da década de 1970, centrada na automação acelerada, robotização e
informatização. Os trabalhadores migraram então para o setor de serviços ou
“indústrias limpas”, como aquelas mencionadas aqui.
De
acordo com a Unesco, neste setor estão incluídas as áreas mais tradicionais
como espetáculos, artes visuais, artesanato, patrimônio natural, livros e
periódicos. Mas há também atividades correlatas, como turismo, esporte e lazer
e o chamado patrimônio imaterial.
Dada
a crescente importância do segmento e suas implicações, o próprio Ministério da
Cultura (Minc) constituiu uma Secretaria de Economia Criativa, com o respectivo
plano para o período 2011-2014.
No
diagnóstico de tal plano, o setor movimentou R$ 104,37 bilhões em 2010,
equivalendo a 2,84% do PIB brasileiro. O seu crescimento médio nos últimos 5
anos foi 6,13%, superior ao conjunto da economia. Os trabalhadores com carteira
assinada no setor ampliado representaram 8,54% do total,
sendo 1,96% para as atividades tradicionais. Quer dizer, para cada emprego
gerado neste setor são criados mais 3 nos outros. A renda média dos empregados do setor é de R$
2.293,64, 44% superior ao mercado de trabalho.
Outras
fontes trabalham com o conceito mais amplo de “Indústria Criativa”, que inclui
o chamado núcleo criativo e também atividades relacionadas e atividades de
apoio. Conforme relatório produzido pela Federação das Indústrias do Estado do
Rio de Janeiro (Firjan), a “Indústria Criativa” colaborou com 16,35% para a
formação do PIB brasileiro em 2006, sendo 2,59% para o núcleo criativo, 5,37%
para atividades relacionadas e 8,39% para apoio. A distribuição do emprego seguiu
este padrão, com 18,42% do total em 2006, sendo 1,82% para o núcleo criativo,
8,3% para atividades relacionadas e 11,6% para apoio.
O
plano da Secretaria de Economia Criativa do Minc traz como um dos vetores de
sua atuação a institucionalização de “territórios criativos”, que são bairros,
polos, cidades e bacias criativas. Neles são desenvolvidas, de forma coordenada,
várias políticas públicas setoriais, como esportes, indústria, comércio
exterior, ciência e tecnologia, turismo, desenvolvimento urbano, comunicações e
outras.
Os
atributos de uma “cidade criativa” seriam a forte incidência de inovações
tecnológicas, sociais e culturais; as conexões entre as diversas áreas (público
e privado, entre regiões da cidade, local e global); e a contribuição da
cultura para os chamados setores não-culturais.
Cuiabá,
assim como o Rio de Janeiro, tem forte potencial para desenvolvimento da
“indústria criativa” e criação de territórios criativos. Algumas regiões da cidade, como o centro mais
antigo da cidade, avenidas com vida noturna mais intensa (Praça Popular,
Getúlio Vargas, Rubens de Mendonça), Porto, São Gonçalo e mesmo Bonsucesso em
Várzea Grande são candidatas a receberem projetos desta natureza.
Para
tanto, serão necessários investimentos em capacitação, projetos, tecnologia,
fomento a atividades empresariais e outras.
Desta
forma será possível dinamizar a economia cuiabana e da região, além de gerar
mais e melhores empregos para a sua população, superando o quadro atual.
Vinicius de Carvalho Araújo é gestor governamental do
Estado, mestre em História Política, professor universitário escreve neste blog
toda segunda-feira - vcaraujo@terra.com.br
www.professorviniciusaraujo.blogspot.com
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