O
X de Eike Batista
O
Brasil vem atravessando um ciclo de crescimento econômico nos últimos,
arrefecido um pouco pela crise de 2008-2009. Dentre os segmentos que mais se
destacaram neste momento estão a produção e exportação de commodities agrícolas
e minerais, puxadas pela forte demanda chinesa. Além disto, há uma expansão de
investimentos na construção civil e também no turismo.
Um
dos empresários brasileiros que melhor aproveitou esta onda foi Eike Batista. Ele
construiu um dos principais holdings empresariais
em atividade no país, denominada de EBX. A sigla traz as iniciais de seu nome acrescidas
da letra que simboliza a operação de multiplicação.
As
empresas reunidas pela EBX atuam nas mais variadas áreas, como petróleo,
energia, logística, mineração, imóveis, hotelaria, serviço de bordo em aviões e
trens, etc. Eike foi apontado pela revista Forbes como o 8º mais rico do mundo
e seu patrimônio total estimado varia de R$ 30 a R$ 50 bilhões.
Esta
presença em setores diversos tem levado muitos analistas a questionar se Eike
Batista não desafia as modernas teorias da Administração, que preconizam foco
para alcançar o sucesso. De acordo com elas, o grande desafio para as
organizações contemporâneas seria fazer uma leitura adequada do ambiente
externo e formular um bom planejamento estratégico alinhado a ele, com clareza
do negócio a ser trabalhado.
Existem
inúmeros casos narrados pela literatura de gestão e negócios apontando empresas
que cresceram demais, perderam o foco e acabaram tendo problemas financeiros.
Mas, como costuma-se dizer, em Administração não há solução universal e tudo
depende.
No
entanto, existem autores e consultores que afirmam
ser possível trabalhar com vários negócios ao mesmo tempo, desde que se defina
um deles como "negócio-âncora" ou core business. Ele é o negócio
principal e os demais o fortalecem. Surgem problemas quando há pouca
complementaridade ou sinergia entre eles e quando surge concorrência, o que
acaba levando à autofagia e destruição da empresa.
No caso de Eike, o negócio-âncora é
energia e logística, com destaque para mineração e petróleo. Ele pode estar trabalhando
também como um investidor nas demais empresas, como diversos fundos que estão
surgindo (private equities e venture
capital). Ele investe nestas empresas e depois pode revender quando elas
estiverem com valor de mercado maior. O seu próprio nome e a filiação à holding são, talvez, os principais
ativos, sinalizando bem para o mercado do que desconhecidos. É como se fosse
uma marca forte.
Quer dizer, ele está aproveitando o
momento de expansão de seus negócios-âncora para prospectar novos negócios, a
exemplo do que fazem todos os grandes grupos empresariais. Energia e logística
são setores tradicionais que tendem a estabilizar no médio e longo prazos.
Neste caso, o grupo busca empreendimentos com maior potencial futuro e
rentabilidade.
Eike lançou no final do ano passado o
livro “ X da questão”, no qual conta um pouco de sua trajetória e explica o
método que lhe ajuda a tomar decisões, chamado de “visão 360 graus”. Ele alega
que toda empresa de seu grupo é avaliada em oito dimensões diferentes, quais
sejam: engenharia de pessoas, financeira, jurídica, política, logística,
ambiente e social, marketing e engenharia da engenharia.
A observação de todas estas dimensões
ajuda a ampliar a visão e compreender os investimentos nas mais variadas áreas.
Em pelo menos alguma delas, haveria encaixe com a estratégia da holding.
Aproveito para convidar todos os
internautas a conhecerem meu blog, cujo endereço está ao final do artigo.
Pretendo postar todos os meus artigos lá e também alguns comentários sobre os
temas que abordo neste espaço.
Vinicius de
Carvalho Araújo
Gestor
Governamental do Estado de Mato Grosso
Professor
universitário
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