quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O X de Eike Batista




O X de Eike Batista



O Brasil vem atravessando um ciclo de crescimento econômico nos últimos, arrefecido um pouco pela crise de 2008-2009. Dentre os segmentos que mais se destacaram neste momento estão a produção e exportação de commodities agrícolas e minerais, puxadas pela forte demanda chinesa. Além disto, há uma expansão de investimentos na construção civil e também no turismo. 

Um dos empresários brasileiros que melhor aproveitou esta onda foi Eike Batista. Ele construiu um dos principais holdings empresariais em atividade no país, denominada de EBX. A sigla traz as iniciais de seu nome acrescidas da letra que simboliza a operação de multiplicação. 

As empresas reunidas pela EBX atuam nas mais variadas áreas, como petróleo, energia, logística, mineração, imóveis, hotelaria, serviço de bordo em aviões e trens, etc. Eike foi apontado pela revista Forbes como o 8º mais rico do mundo e seu patrimônio total estimado varia de R$ 30 a R$ 50 bilhões.

Esta presença em setores diversos tem levado muitos analistas a questionar se Eike Batista não desafia as modernas teorias da Administração, que preconizam foco para alcançar o sucesso. De acordo com elas, o grande desafio para as organizações contemporâneas seria fazer uma leitura adequada do ambiente externo e formular um bom planejamento estratégico alinhado a ele, com clareza do negócio a ser trabalhado.

Existem inúmeros casos narrados pela literatura de gestão e negócios apontando empresas que cresceram demais, perderam o foco e acabaram tendo problemas financeiros. Mas, como costuma-se dizer, em Administração não há solução universal e tudo depende.

No entanto, existem autores e consultores que afirmam ser possível trabalhar com vários negócios ao mesmo tempo, desde que se defina um deles como "negócio-âncora" ou core business. Ele é o negócio principal e os demais o fortalecem. Surgem problemas quando há pouca complementaridade ou sinergia entre eles e quando surge concorrência, o que acaba levando à autofagia e destruição da empresa.

No caso de Eike, o negócio-âncora é energia e logística, com destaque para mineração e petróleo. Ele pode estar trabalhando também como um investidor nas demais empresas, como diversos fundos que estão surgindo (private equities e venture capital). Ele investe nestas empresas e depois pode revender quando elas estiverem com valor de mercado maior. O seu próprio nome e a filiação à holding são, talvez, os principais ativos, sinalizando bem para o mercado do que desconhecidos. É como se fosse uma marca forte.

Quer dizer, ele está aproveitando o momento de expansão de seus negócios-âncora para prospectar novos negócios, a exemplo do que fazem todos os grandes grupos empresariais. Energia e logística são setores tradicionais que tendem a estabilizar no médio e longo prazos. Neste caso, o grupo busca empreendimentos com maior potencial futuro e rentabilidade.  

Eike lançou no final do ano passado o livro “ X da questão”, no qual conta um pouco de sua trajetória e explica o método que lhe ajuda a tomar decisões, chamado de “visão 360 graus”. Ele alega que toda empresa de seu grupo é avaliada em oito dimensões diferentes, quais sejam: engenharia de pessoas, financeira, jurídica, política, logística, ambiente e social, marketing e engenharia da engenharia.

A observação de todas estas dimensões ajuda a ampliar a visão e compreender os investimentos nas mais variadas áreas. Em pelo menos alguma delas, haveria encaixe com a estratégia da holding.

Aproveito para convidar todos os internautas a conhecerem meu blog, cujo endereço está ao final do artigo. Pretendo postar todos os meus artigos lá e também alguns comentários sobre os temas que abordo neste espaço. 



Vinicius de Carvalho Araújo

Gestor Governamental do Estado de Mato Grosso

Professor universitário








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