Aproximação
Dilma-Alckmin
No último dia 12 a Presidente Dilma
Roussef esteve em São Paulo num evento para lançamento de um convênio celebrado
entre a União e aquele Estado. O objeto é a construção de mais de 100.000 casas
populares para famílias de baixa renda, com R$ 8 bilhões transferidos.
Este foi mais um capítulo na boa relação
mantida entre ela e o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Setores dos
partidos de ambos estão incomodados com tal convivência. Temem fortalecimento
dos respectivos adversários na política local já nas eleições municipais deste
ano.
Neste caso, os interesses que os movem podem ser os seguintes. Dilma e sua equipe já perceberam que as eleições de 2010 tiveram resultado apertado, com vitória de Serra em 11 Estados no 2º turno e margens pequenas fora da região nordeste e do Amazonas. Vários movimentos de Dilma ao longo do ano passado demonstram que ela está se preparando para avançar sobre as bases do adversário, ao prever uma eleição em 2014 mais disputada ainda do que foi em 2010, por conta da situação econômica.
No caso de São Paulo, há um agravante. Desde 1989, o PT só ganhou lá em 2002 e mesmo assim por uma margem considerada pequena. Além disto, o Estado tem sido a base dos candidatos a Presidente pelo PSDB. A boa votação obtida por eles nas eleições presidenciais acaba sendo repetida em pleitos subsequentes para Governador e Prefeito da capital. Assim foi com Mário Covas em 1990 e 1994, Serra em 2004 e 2006 e Alckmin em 2010.
As vantagens da aproximação para Dilma são claras. Ela precisa aumentar a presença federal no maior colégio eleitoral do país, caso queira melhorar seu desempenho nas urnas. A única forma de fazê-lo é em parceria com o Governo do Estado e os municípios, uma vez que a estrutura da União em SP é a menor do país em termos proporcionais.
Há um servidor federal ativo para cerca de mil habitantes em SP, enquanto a média nacional é de em torno de 390 habitantes para cada servidor. SP tem mais servidores estaduais ativos do que a União, o que fundamenta a velha frase de o Estado é “um país dentro do Brasil”.
No campo político, Dilma ainda contribui para desorganizar um pouco mais a disputa interna no PSDB, já que Alckmin é apontado como 3º colocado na corrida presidencial para 2014, atrás de José Serra e Aécio Neves. Arrefece ainda a oposição da bancada federal de SP, cujo líder natural é o Governador.
Com esta relação Alckmin pode ocupar o espaço de uma oposição mais moderada e mais afinada com alguns partidos da base aliada, hoje território quase exclusivo de Aécio Neves. Também isola Serra e confunde ainda mais a oposição.
Alckmin como candidato a Presidente em 2014 talvez seja mais previsível para o PT do que Aécio Neves, pela memória de 2006 e o perfil semelhante ao de Dilma. Além disto, retira-o da sucessão em São Paulo, na qual será favorito, abrindo espaço para o PT contra os possíveis candidatos do PSDB (Serra, Aloisio Nunes Ferreira) e PSD (Afif, Kassab).
Para Alckmin, a principal vantagem é obter mais recursos para seus programas e ganhar peso político, tanto em nível estadual quanto nacional. Seu desafio é capitalizar mais as marcas do Governo paulista nestes recursos, de modo a obter maiores ganhos políticos do que Dilma.
É um jogo de alto risco para ambos? Com certeza sim. Entretanto, como diz o ditado: “o prêmio é do tamanho do risco”.
Vinicius de
Carvalho Araújo
Gestor
Governamental do Estado de Mato Grosso
Mestre em
História
Professor
universitário
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