segunda-feira, 2 de abril de 2012

Cuiabá no ranking de gestão fiscal responsável


Cuiabá no ranking de gestão fiscal responsável


Um dos meus principais temas para reflexão nesta coluna vem sendo as dificuldades enfrentadas por Cuiabá na atualidade nos campos político e da gestão pública.

Na semana passada, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou os resultados do Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), calculado com base em dados oficiais do exercício de 2010 de todos os municípios do país.

O objetivo deste indicador é medir a saúde financeira dos municípios brasileiros por meio de alguns sub-indicadores, como receita própria, folha de pagamentos, investimentos, liquidez e custo da dívida.

Os resultados revelaram que, após quase 12 anos de vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000), a situação financeira dos municípios ainda continua delicada. A Firjan classificou os municípios e os distribuiu em quatro categorias, conforme a nota obtida numa escala de 0 a 1. A gestão fiscal pode ser considerada de excelência, boa, em dificuldade ou crítica, conforme o posicionamento.

Em nível nacional, 63,5% dos municípios apresentam gestão em nível crítico ou com dificuldade, enquanto que 36,5% boa e de excelência. Em Mato Grosso os resultados foram um pouco mais favoráveis, com 58,3% dos municípios com gestão considerada boa e de excelência e 41,7% com dificuldade e crítica.

Já os números de Cuiabá foram preocupantes. Sua nota foi 0,3713, o que a situou na categoria de gestão fiscal crítica e em último lugar no ranking das capitais dos Estados. Em Mato Grosso, Cuiabá ficou em 131º lugar, superando apenas municípios pequenos como Rondolândia, Tesouro, Araguainha e outros. Para se ter uma ideia, o melhor município do Estado nesta avaliação, Lucas do Rio Verde, atingiu 0,8501 pontos.

Na série histórica montada pela Firjan, Cuiabá vem piorando seu resultado desde 2008, quando atingiu a marca de 0,5719 pontos. Vale lembrar que este foi a ano da reeleição do então Prefeito Wilson Santos, que tinha nesta área uma das suas principais bandeiras. Já 2009 e 2010 foram os anos do segundo mandato em que Wilson Santos se preparou para a disputa para Governador do Estado, renunciado em favor do atual prefeito Chico Galindo.

Em 2010, os melhores desempenhos do município foram no item receita própria e gastos com pessoal. Entretanto, o que puxou seu resultado para baixo foram as baixas notas em investimentos, liquidez e custo da dívida. Os investimentos são, de fato, um dos mais graves problemas da Prefeitura, como já tive a oportunidade de demonstrar em outros artigos.

A liquidez mede a capacidade de pagamento da Prefeitura no curto prazo, com o dinheiro deixado disponível para quitação dos chamados Restos a Pagar, que são compromissos não pagos no exercício em que foram autorizados. Apenas a geração de Restos a Pagar já caracteriza dificuldades de planejamento das despesas. Sem o dinheiro para sua quitação, torna-se um problema grave e na transição de um mandato para outro caracteriza crime fiscal.

O custo da dívida indica a capacidade de pagamento no longo prazo, em função do seu volume. Quanto mais recursos são dedicados a isto, menos sobram para outras despesas importantes como investimentos ou mesmo a manutenção de equipamentos para a prestação de serviços públicos de competência da Prefeitura.

Portanto, a Cuiabá precisa se concentrar com urgência na melhoria destes indicadores. Como já ficou demonstrado em outros municípios como Lucas do Rio Verde, um bom desempenho na área fiscal é condição prévia para o atendimento à população em geral e enfrentamento dos desafios sociais e econômicos da cidade.





Vinicius de Carvalho Araújo é gestor governamental do Estado, mestre em História Política, professor universitário escreve neste blog toda segunda-feira - vcaraujo@terra.com.br www.professorviniciusaraujo.blogspot.com


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