Problemas na sucessão em Cuiabá
A atual sucessão para a
Prefeitura de Cuiabá é uma das mais incertas dos últimos tempos. Há uma
abundância de pré-candidaturas ou “balões de ensaio” por parte das forças
políticas presentes aqui no município. Não há um candidato natural que apareça
hoje nas pesquisas eleitorais como vitorioso em primeiro turno e faça o papel
de um grande polo articulador de alianças em torno de seu nome.
A principal razão é a
crise política que se instalou em Cuiabá desde o final da década de 1990, como
expressão da queda no crescimento do seu Produto Interno Bruto (PIB), da sua
população e também da arrecadação, além da chamada “descuiabanização” da
política matogrossense.
Esta mudança no modelo
político de Mato Grosso ocasionou uma desorganização das forças políticas na
capital. A cidade passou a acumular problemas, ter poucos recursos próprios
para investimento, pequena presença de obras estaduais e federais e os
prefeitos eleitos consumiram quase todo o seu capital político por conta desta
situação.
A carreira política
tradicional acabou ficando obstruída, uma vez que os parlamentares com boa
votação no município passaram a ter dificuldades de aglutinação de forças para
encabeçar candidaturas majoritárias.
Deputados estaduais como
Sérgio Ricardo e Walter Rabelo, federais como Valtenir Pereira ou mesmo
vereadores como Everton Pop e Toninho de Souza não conseguiram traduzir suas
boas votações para o Legislativo em candidaturas a Prefeitura.
De outro lado, para ocupar
este vazio, algumas candidaturas majoritárias foram “fabricadas” em Cuiabá nos
últimos anos com nomes de fora do meio político e que nunca tinham passado por
eleições até então. Cito aqui Alexandre César em 2002/2004, Mauro Mendes em
2008, Pedro Taques em 2010 e agora João Dorileo Leal em 2012.
As razões para isto vão
desde o perfil destes parlamentares até a já citada mudança de comando político
no Estado. Quase a totalidade dos principais partidos em Mato Grosso tem seu
presidente domiciliado no interior e não apresentam projetos consistentes para
Cuiabá. Na grande maioria, tratam a região apenas como um “depósito de votos”
para contribuir com as respectivas eleições.
No passado, as forças
políticas daqui buscavam aliados no interior para desempatar as suas disputas.
Hoje está acontecendo o contrário, as elites políticas do interior buscam
aliados em Cuiabá para desequilibrar as suas contendas em nível estadual.
Do ponto de vista
político, portanto, Cuiabá está sitiada pelas forças do interior, mas estes não
conseguem entrar com facilidade no eleitorado cuiabano. Para ilustrar, basta
lembrar que nas últimas três eleições para Governador, o candidato eleito teve
votação em Cuiabá inferior ao restante do Estado. Isto contraria o modelo
anterior em que a boa votação na região alavancava as candidaturas no interior.
Desta forma, há uma
disputa autofágica das elites políticas em Cuiabá que tem enfraquecido todas
elas, em grande medida induzida pelas lideranças baseadas no interior.
As incertezas políticas
acerca da candidatura de Mauro Mendes a Prefeito, e apoio ao Senador Pedro
Taques como candidato a Governador em 2014, derivam exatamente da intervenção
de forças políticas do interior que querem desarticular e enfraquecer esta
coligação que se apresenta como competitiva em Cuiabá e também em nível
estadual.
Portanto, Cuiabá precisa
aprender a operar no novo modelo político estadual e deixar de ser a cauda dos
outros. Precisa se unificar em torno de lideranças fortes, eleger bons
prefeitos, uma câmara municipal melhor, e bancada estadual/federal mais
alinhada com as necessidades do município, de modo a trazer os recursos e obras
necessários para o seu desenvolvimento.
Vinicius de
Carvalho Araújo é gestor governamental do Estado, mestre em História Política,
professor universitário escreve neste blog toda segunda-feira -
vcaraujo@terra.com.br www.professorviniciusaraujo.blogspot.com
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