sábado, 17 de março de 2012

Problemas na sucessão em Cuiabá


Problemas na sucessão em Cuiabá



A atual sucessão para a Prefeitura de Cuiabá é uma das mais incertas dos últimos tempos. Há uma abundância de pré-candidaturas ou “balões de ensaio” por parte das forças políticas presentes aqui no município. Não há um candidato natural que apareça hoje nas pesquisas eleitorais como vitorioso em primeiro turno e faça o papel de um grande polo articulador de alianças em torno de seu nome.

A principal razão é a crise política que se instalou em Cuiabá desde o final da década de 1990, como expressão da queda no crescimento do seu Produto Interno Bruto (PIB), da sua população e também da arrecadação, além da chamada “descuiabanização” da política matogrossense.

Esta mudança no modelo político de Mato Grosso ocasionou uma desorganização das forças políticas na capital. A cidade passou a acumular problemas, ter poucos recursos próprios para investimento, pequena presença de obras estaduais e federais e os prefeitos eleitos consumiram quase todo o seu capital político por conta desta situação.

A carreira política tradicional acabou ficando obstruída, uma vez que os parlamentares com boa votação no município passaram a ter dificuldades de aglutinação de forças para encabeçar candidaturas majoritárias.

Deputados estaduais como Sérgio Ricardo e Walter Rabelo, federais como Valtenir Pereira ou mesmo vereadores como Everton Pop e Toninho de Souza não conseguiram traduzir suas boas votações para o Legislativo em candidaturas a Prefeitura.

De outro lado, para ocupar este vazio, algumas candidaturas majoritárias foram “fabricadas” em Cuiabá nos últimos anos com nomes de fora do meio político e que nunca tinham passado por eleições até então. Cito aqui Alexandre César em 2002/2004, Mauro Mendes em 2008, Pedro Taques em 2010 e agora João Dorileo Leal em 2012.

As razões para isto vão desde o perfil destes parlamentares até a já citada mudança de comando político no Estado. Quase a totalidade dos principais partidos em Mato Grosso tem seu presidente domiciliado no interior e não apresentam projetos consistentes para Cuiabá. Na grande maioria, tratam a região apenas como um “depósito de votos” para contribuir com as respectivas eleições.

No passado, as forças políticas daqui buscavam aliados no interior para desempatar as suas disputas. Hoje está acontecendo o contrário, as elites políticas do interior buscam aliados em Cuiabá para desequilibrar as suas contendas em nível estadual.

Do ponto de vista político, portanto, Cuiabá está sitiada pelas forças do interior, mas estes não conseguem entrar com facilidade no eleitorado cuiabano. Para ilustrar, basta lembrar que nas últimas três eleições para Governador, o candidato eleito teve votação em Cuiabá inferior ao restante do Estado. Isto contraria o modelo anterior em que a boa votação na região alavancava as candidaturas no interior.

Desta forma, há uma disputa autofágica das elites políticas em Cuiabá que tem enfraquecido todas elas, em grande medida induzida pelas lideranças baseadas no interior.

As incertezas políticas acerca da candidatura de Mauro Mendes a Prefeito, e apoio ao Senador Pedro Taques como candidato a Governador em 2014, derivam exatamente da intervenção de forças políticas do interior que querem desarticular e enfraquecer esta coligação que se apresenta como competitiva em Cuiabá e também em nível estadual.

Portanto, Cuiabá precisa aprender a operar no novo modelo político estadual e deixar de ser a cauda dos outros. Precisa se unificar em torno de lideranças fortes, eleger bons prefeitos, uma câmara municipal melhor, e bancada estadual/federal mais alinhada com as necessidades do município, de modo a trazer os recursos e obras necessários para o seu desenvolvimento.





Vinicius de Carvalho Araújo é gestor governamental do Estado, mestre em História Política, professor universitário escreve neste blog toda segunda-feira - vcaraujo@terra.com.br www.professorviniciusaraujo.blogspot.com


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